Em defesa de um PDT cada vez mais amplo, popular e forte.

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 Matheus Bizzo – membro do Diretório Nacional do PDT

 “Quem não tiver confiança nos nossos destinos é indigno do legado que recebeu”

Getúlio Vargas

Após os anos mais turbulentos da Nova República, a Executiva Nacional do Partido Democrático Trabalhista, convoca, junto à Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, a construção de um novo Congresso Nacional do nosso Partido. 

 Após duas candidaturas presidenciais próprias, desgovernos, retirada de direitos trabalhistas, privatização de empresas estratégicas e a reorganização do fascismo brasileiro, este fórum democrático se faz urgente e imprescindível para organizar a luta nos próximos anos.

 Com a crise do Capital desde 2008, as potências ocidentais seguem firmes na destruição de experiências nacionais que buscam autonomia e integração regional. A espionagem estadunidense na Petrobras – empresa criada por nós, trabalhistas – foi o estopim para deflagrar a operação Lava-Jato. Esta operação reviveu a cobertura lacerdista e entreguista da imprensa e dos operadores políticos ligados à OTAN. Em nome do combate à corrupção, destruíram empresas nacionais, privadas e estatais, responsáveis diretos pelo agravamento da crise de 2015 e que se estendeu até o fim do Governo Bolsonaro. 

Evidente que o motivo da crise não foi apenas a Lava-Jato. O segundo governo de Dilma Rousseff começou como pedra no sapato da elite brasileira. A massa salarial crescia mais rápida que a taxa de lucros dos grandes empresários. Com o boicote desse segmento, o governo assumiu para si uma agenda liberal, ortodoxa, que cortou investimentos e aprofundou a crise. 

O impeachment foi um trauma inevitável com esse cenário. Fomos contra, acusamos como Golpe, apesar do governo ruim. E vivemos quase três anos de Governo Temer. 

Nos três anos de Temer, vivemos um período de uma direita liberal. Desregulamentação, austeridade e uma série de reformas que não trouxeram dinamismo para a economia e tampouco redução de desigualdades ou elevação do bem-estar das camadas médias e pobres da população.

Com o empobrecimento em massa do povo brasileiro, os efeitos do lava-jatismo e a criminalização da política, o liberal-fascismo organizou-se na figura de Jair Bolsonaro. 

O campo progressista se encontrou isolado, sem articulação na sociedade civil e até no ambiente da política palaciana. 

 Nós, do PDT, nos colocamos como terceira força. Ciro Gomes emplacou 12%. Em alguns lugares estratégicos, como RJ e DF, fomos a segunda maior força. E a maior no Ceará. 

E durante o Governo Bolsonaro, mesmo com uma bancada de uma minoria cooptada – e já fora do Partido -, fizemos uma oposição fundamental. 

Com o recorte nacional-popular do Trabalhismo, lutávamos contra os desmandos do Governo apresentando soluções concretas e reais para o povo brasileiro. 

E chegou a Pandemia. 

 O Governo dobra a aposta e o Brasil mergulha no negacionismo, na morte, na fome. O governo não salvou vidas, empregos e empresas – talvez apenas os bancos que ganharam mais de 2 trilhões de reais.  

Com todo esse cenário, lançamos, em 2022, nosso projeto de país. O Projeto Nacional de Desenvolvimento foi nossa ferramenta de luta. Nada foi tão completo e compromissado com a causa trabalhista, do nosso nacionalismo solidário e humanista naquele ano.

Nossos adversários se opuseram a nós. O que é natural. Também nos opusemos a eles. Com excessos e até rasteiras, perdemos. Mas também falhamos. Não ouvimos as bases que nos deram 12 milhões de votos em 2018. Entramos no isolacionismo. Alguns de nós, pensando no que fizeram conosco e não nos 30 milhões de brasileiros que dormiam com fome. 

Nossa bancada encolheu e a rejeição do companheiro Ciro Gomes segue ainda a terceira mais alta do país. 

 Acertadamente, o Presidente Carlos Lupi seguiu a linha de Leonel Brizola: “lambeu as feridas” e apoiou Lula no segundo turno. Primeiro a Pátria, depois o Partido e, por último, nossas questões individuais. 

Com isso, o Governo Lula III conta Lupi no Ministério da Previdência. Mesmo sem servidores, apostamos na digitalização e otimização do INSS para reduzir a fila que Bolsonaro deixou. Além disso, Lupi foi o único ministro que desafiou os banqueiros e conseguiu diminuir os juros dos aposentados e pensionistas – apesar do “fogo-amigo” de dentro do governo. 

E aqui começa a primeiro tema desse artigo: a amplitude. 

Política se faz a partir da materialidade concreta. A Doutrina, os livros e as teses são fundamentais. Teoria, do grego, é “aquele que enxerga”. Mas a teoria não pode vir apenas da vontade – tampouco da mágoa, do rancor e da vaidade. 

Nossa tese precisa estar amparada à prática, ao que pode ser feito em curto, médio e longo prazo. 

 Se nosso horizonte estratégico é construir o socialismo no Brasil a partir da Doutrina Trabalhista de Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e outros, precisamos que haja Brasil.

E, para haver Brasil, no curto prazo, precisamos compor, ampliar e disputar os rumos da frente ampla e democrática liderada pelo Presidente Lula. 

A materialidade concreta nos exige isso. Não há pernas e espaço para construir um outro polo de poder democrático e nacionalista. Marcar posição para não disputar o poder real não pode estar no nosso horizonte. 

Portanto, precisamos ampliar nossas relações dentro do campo. Seja pelo bloco histórico de esquerda (PT, PSB, PCdoB e Psol), seja pelo bloco governista (MDB, PSD, UB, PP e Rep), precisamos mirar na articulação com estes. E não idealizar essas relações. Operar nas frestas de interesses para nossa sobrevivência e ampliação de espaços de poder. 

Se alguns tratarem alianças como se fossem questões conjugais, podem seguir outro rumo fora da política. 

Portanto, a partir se uma resolução adesista e madura, o Partido entende, definitivamente, que somos governo e por que somos. Isso deve ser uma tendência em todo país. Respeitando as conjunturas municipais, evidentemente, o Partido precisa se preocupar com a formação e estruturação de quadros para ampliar – e qualificar mais ainda – nossa bancada e eleger governadores nossos. 

E, por isso, começo meu segundo ponto. 

A construção de um PDT mais popular exige uma série de ações coordenadas. Além do pragmatismo e do poder, é preciso equalizar uma narrativa. Precisamos repensar e atualizar nossa estética, nossa semiótica. Discurso, poder, fortalecimento dos nossos movimentos e núcleos de base. Se deliberarmos esse caminho, acredito que haverá avanço significativo na nossa construção. 

E as duas frentes são o alicerce para o fortalecimento do Partido Democrático Trabalhista. Reposicionado e fortalecido na conjuntura, teremos a possibilidade de atualizar nossos debates internos e objetivos. Formar e capacitar quadros é o caminho para seguirmos nosso compromisso nacionalista com o conjunto da classe trabalhadora e combatendo as estruturas perversas de um país colonizado, racista e profundamente desigual.

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