Polos de Desenvolvimento Socioeconômico Sustentável

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Proposição coletiva: Neudes Carvalho, Marcelo Cassucci, Nathalia Ferro – Biografias ao fim da tribuna

A economia brasileira ainda reserva um potencial incrível de desenvolvimento nas suas periferias. Às margens das grandes cidades e no interior do país, a maioria da população do país ainda vive desempregada ou subempregada, sem acesso à tecnologia e adequada formação profissional, tornando nossa produtividade per capita muito abaixo da média global. Muitos conflitos sociais decorrem disto e mesmo os que podem parecer não decorrer em um primeiro momento, são profundamente amenizados se a economia periférica do país passa a se desenvolver mais rapidamente.

Considerando que a educação e a participação política popular dos trabalhadores, movimentos sociais e demais vulnerabilizados socialmente são parte imprescindíveis da solução destes conflitos e principal catalisador de nosso crescimento econômico, propomos criar uma rede de polos de desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Estes polos podem ser a prática ampliada dos núcleos de base do partido, mas abertos a livre participação popular. Podem ter uma das formas jurídicas do terceiro setor e tem como principal atividade a geração de emprego e renda e a capacitação dos trabalhadores e empreendedores periféricos. Instalados nos pontos cardeais das periferias das grandes cidades e em regiões que englobem aproximadamente 50 mil pessoas, por todo o interior do país, devem eleger democraticamente seus gestores, que teriam por principal obrigação realizar assembleias públicas abertas a todos os interessados. Com a formação de um fundo solidário, recursos públicos de todas as esferas e também privados poderão ser reunidos e investidos em projetos apresentados e geridos pelos próprios trabalhadores e empreendedores periféricos da região de cada polo.

Iniciando com atividades culturais mensais, pode fornecer palcos, equipamentos de som e banheiros químicos, para apresentações artísticas de grupos locais e tendas para feira livre de produtores e artesões da região. Nestes eventos também poderão ser realizadas palestras sobre a preservação ambiental, as doenças psicossociais e suas curas e o papel destes polos para a redução dos problemas da sociedade. Parte dos ganhos financeiros dessas atividades iniciais alimentarão o fundo solidário que remunerará a equipe gestora e os projetos aprovados em assembleias. Estes polos poderão se reunir periodicamente para trocar conhecimentos e experiências e cooperarem em suas ações para criação de uma rede de informações e logística, a fim de possibilitar trocas comerciais, rodízio de apresentações e entreposto de entregas e armazenamento.

Estes polos também terão como meta a inclusão digital e o oferecimento de cursos e capacitações profissionais e sem dúvida terão um impacto na geração de emprego e renda das localidades. Estas capacitações devem levar a apropriação dos conceitos de “economia periférica” e “trabalhadores e empreendedores periféricos” como seus principais atores. O perfil destes trabalhadores e empreendedores é bem conhecido da sociologia brasileira, são negros e seus descendentes e mulheres em sua maioria e seus representantes devem figurar entre os principais beneficiados dos projetos e desenvolvimento socioeconômico gerados pelos polos.

Diversidade, inclusão e interseccionalidade são noções-chave para a devida aplicação das políticas dos polos e demonstração de seus bons resultados. Com isto em mente destacamos também a forte presença entre os beneficiados de populações indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhas, além da comunidade LGBTQIAP+, deficientes físicos e mentais, pacientes psiquiátricos e egressos do sistema prisional.

Com a livre participação popular nas assembleias dos polos a democracia local deve ter um forte incremento e consequentemente a democracia do país como um todo. Esta própria participação democrática por si só deve gerar processos conscientizadores e transformadores, levando as populações a se apropriarem dos fatores reais da produção. O poder público federal ou estaduais poderão criar e fornecer sistemas de informações para o aperfeiçoamento da gestão e controle tanto dos polos quanto dos projetos e empreendimentos fomentados, levando ao adequado retorno dos impostos por estas atividades aos órgãos públicos. Todos os dados e entrepostos logísticos devem possibilitar o melhor planejamento de investimento e distribuição ao longo dos territórios.

Outro serviço importante é o de ecoponto, abrigando cooperativas de catadores de material reciclável. Além de ser uma atividade inclusiva, que quando bem organizada leva dignidade as bases da sociedade, é atividade essencial para a nossa sustentabilidade ecológica e proporciona informações relevantes sobre o consumo nos territórios. Por fim, estes polos poderão abrigar Bancos Comunitários, que emitam moeda local e forneçam crédito aos trabalhadores e empreendedores periféricos. Com o papel organizador, conscientizador e desenvolvedor destes polos, o uso destes instrumentos financeiros e sistemas de informações garantirão o controle inflacionário e a justa distribuição das riquezas socialmente constituídas.

Equipe Propositora

Neudes Carvalho – Analista na área de Responsabilidade Social – Foco em Trabalho e Renda. Ativista e militante política, por raça, classe e gênero. Vice-presidenta do PDT-SP, presidenta estadual do Movimento Negro do PDT-SP, também responsável pela Coordenadoria do Núcleo de Base Zonal Noroeste SP – capital. É formada em Administração e pós-graduada em Comunicação. Graduação em Ciências do Trabalho pelo Dieese, cursando Sociologia pela Fesp. Coordena o núcleo de pesquisa sobre o futuro do trabalho. Coordena os projetos “Um Dois, Feijão com Arroz”, que visa reduzir a fome do Estado com um auxílio para COMIDA BOA, de feiras, sacolões e açougues.

Nathalia Ferro – cursou Direito, Turismo e Jornalismo. Cursou Piano por 10 anos e se profissionalizou como cantora e compositora em sua cidade natal, São Luís do Maranhão, proeminente na cena da cidade com três álbuns independentes lançados e dois singles, sendo eles: Instante (2013 / São Luís), Alice Ainda (2015 / São Luís), Revolução das Bruxas (Single 2018 / São Paulo), Mana (2020 / São Paulo) e Pelo Avesso (Single 2022 / São Paulo). Também atuou como apresentadora de programa de variedades em 2010/2011 na TV Difusora/MA. Compôs a Liga de Cultura que em 2012 foi responsável pela regulamentação da Lei de Incentivo a Cultura no Estado do Maranhão. Atualmente é atriz, performer, produtora e curadora de conteúdo cultural no Nossa Casa Confraria das Ideias, centro cultural paulistano.

Marcelo Cassucci – é técnico industrial, professor de matemática, e pós-graduado em filosofia das ciências e filosofia política pela PUC. Tem experiência na implementação de políticas públicas junto a movimentos sociais, sendo as mais relevantes a implementação de bancos comunitários na cidade de São Paulo junto a ITCP-USP e o Movimento das Trabalhadores Sem Teto em 2009 e o acompanhamento logístico da Rede de Comercialização Cataforte do Vale do Paraíba, junto ao Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável – MNCR, a Fundação Banco do Brasil e a Secretária dos Direitos Humanos do Governo Dilma em 2012. Também foi eleito duas vezes conselheiro do Conselho Regional do Meio Ambiente, Desenvolvimento e Cultura de Paz – CADES da subprefeitura de Santana-Tucuruvi em São Paulo e candidato a Deputado Estadual pelo PDT em 2022.



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