Prof. Dr. Iberê Moreno – Professor Universitário; Diretor do SINPROSP; Presidente Estadual do Ecotrabalhismo Paulista; Secretario Estadual de Formação da FLB-AP SP
A construção de um trabalhismo para o século 21 não se dá apenas olhando para o futuro. Até porque o futuro é uma construção imaginária da nossa sociedade, como nos ensina Daniel Munduruku. O futuro é aquilo que construímos dele, e não o que ele já é, e muito menos apenas o que queremos que ele seja. Por isso temos que pensar a nossa condição presente e compreender a nossa ancestralidade para projetar o rumo que queremos propor. Observar o que o Brasil nos ensina e como podemos construir novas bases para que esse Brasil se transforme e realize todo o potencial que temos. O grande sonho de Darcy Ribeiro era exatamente alcançar essa transformação, colocar o Brasil no lugar que ele merece. Fazer do nosso país a nova potência global, mas não uma que segue essa lógica capitalista e imperialista, seremos uma nova ideia, uma nova proposta. O trabalhismo é, desta forma, o caminho brasileiro para o socialismo.
Este Congresso nos convoca a pensar sobre nossas ancestralidades. Chegamos em um ponto do nosso partido que se torna necessário revisitar nossas estruturas e linhas dogmáticas para projetarmos que ações tomaremos. É nesse contexto que quero mobilizar uma leitura sobre o Socialismo Moreno, a partir da compreensão de Darcy Ribeiro. Diferente de outros partidos o PDT está fundamentado em uma ideologia nacional. Mesmo nos utilizando de referenciais estrangeiros, nunca defendemos haver uma solução pronta a ser implantada, e que venha completamente de fora. Por isso Darcy dedicou sua vida a estudar nosso país. Além de uma compreensão histórica, o intelectual Trabalhista nos legou um guia de estudos sobre nossa construção social brasileira através do livro “O Povo Brasileiro”. Há uma tese clara nesse livro, de que seremos potência e soberanos quando tivermos um Estado que resolva as questões estruturais e ataque as mazelas sociais pensando primeiro no povo brasileiro.
A grande dificuldade que a esquerda liberal sempre teve foi entender que a Esquerda Nacionalista não vai aceitar pouco. Não queremos apenas nos acomodar com as elites, queremos romper com aquilo que nos atrasa. Por isso a educação é a bandeira do Partido. Só com um projeto Soberano e Emancipador de educação teremos um povo livre. Darcy e Brizola provaram ser possível, sim, ter um sistema educacional revolucionário e popular.
Para podermos sustentar esse processo nacional educacional precisamos garantir a alimentação, a segurança, a saúde e a dignidade de viver para essas crianças e suas famílias. E isso só ocorrerá se tratarmos as mazelas apontadas: Racismo e Divisão de terras. Esses dois pontos são como o ponto de convergência de muitos, se não todos, os problemas brasileiros. E precisamos fazer isso pensando nosso presente, não apenas sonhando um futuro. Por isso temos que considerar essas rupturas a partir da nossa ancestralidade, do Bem viver. Conceitos que hoje são vistos como centrais no debate político e que ainda não estavam sendo operados da mesma forma na época que Darcy escreveu, mas que sumarizam a leitura de socialismo Moreno proposta. Partir da nossa realidade, dos conhecimentos ancestrais e construir uma lógica de Estado e de vida no planeta que considere que nossa casa comum merece atenção. Precisamos viver em simbiose, em sintonia, em harmonia com nossa casa.
Não existe um planeta B, e esses milionários que tentam fugir para Marte só provam o quanto esse projeto neoliberal é a caminhada para a destruição do mundo, ao custo de uns poucos milhões nas contas de 10 ou 15 pessoas no mundo. E por isso é o momento de realizarmos o projeto Darciniano. Executar o Socialismo Moreno, embasado na história e trajetória do Trabalhismo, atualizado com as realidades populares brasileiras e apontado para uma Soberania Nacional Ancestral e revolucionária. Seremos a potência que merecemos, e alcançaremos isso na luta democrática e de base, na mobilização dos movimentos e do núcleos de base, atingindo todas as camadas sociais e classes de trabalho.
Só com rebeldia e ancestralidade teremos o futuro sonhado por Getúlio Vargas, Jango, Brizola, Darcy, Lélia, Vânia e tantas outras referências da nossa luta. Viva o Socialismo Moreno
Um povo que não se conhece é um povo sem história! Parabéns pela tese, companheiro