MOBILIDADE URBANA – CRISES E ALTERNATIVAS

A formação e implantação dos ajuntamentos humanos desde a época antiga, sempre se deparou com o empilhamento de populações de forma desordenada, gerando e criando problemas de todas as ordens no plano da infraestrutura.
Nos últimos 50 anos, a busca por alternativas em promover o deslocamento de centenas de milhões de pessoas no dia a dia das cidades, que só crescem sem ter a solução para os problemas e que se avolumam ainda mais, tem levado o poder público contra a parede na busca destas soluções que, na maioria das vezes, se tornam medidas paliativas.
Considerando que a prioridade está em prover o bem-estar do pedestre, seguido pelo ciclista, pelo transporte coletivo e pelo transporte de cargas, para somente após isso, o transporte motorizado de caráter individual, deste modo nos deparamos com o conflito vivido nas últimas décadas onde a infraestrutura urbana se perdeu neste planejamento invertendo tais prioridades.
Basta olhar para as cidades brasileiras e identificar as obras realizadas nas últimas décadas e facilmente veremos viadutos, projetos de elevados para fluxos de carros, entre tantas outras formas de facilitar o transporte individual em detrimento do coletivo.
O caso do metrô construído desde os anos setenta, podemos notar que a cada linha inaugurada o sistema fica ainda mais super populoso. Justamente isso só demonstra que a demanda reprimida existente no mercado de transporte coletivo vem buscar de imediato um caminho onde a solução para as cidades está no caráter de infraestrutura coletiva e não do investimento que favoreça o já esgotado sistema voltado ao individual. Simplificando, a melhor opção é fazer um metro do metrô, ao invés de um viaduto.

Vale registrar que o crescimento desordenado das cidades, sobretudo das metrópoles, deve ser colocado em pauta no debate de desenvolvimento regional em todo o Brasil, além de uma profunda e séria discussão do crescimento populacional sem qualquer planejamento familiar ou global. É preciso determinação e compromisso com o futuro das próximas gerações.

O descaso do planejamento e execução de projetos de longo prazo foi sendo deixado de lado e trocado pelo imediatismo ao longo de décadas, fazendo com que hoje a sociedade pague o custo social e, proporções alarmantes. O futuro não espera. A hora da guinada para a opção pelo transporte de massa, com planejado sobre o improvisado é uma realidade onde poucos têm tido a coragem de enfrentar o debate e impor uma nova prática necessária que recupere o tempo perdido.

Os casos mais expressivos como as ações existentes nas cidades de São Paulo e Bogotá precisam ser mais referenciados como exemplos que buscam este caminho.
Tarcisio Tadeu Garcia Pereira