A FACE DOCE DO TRABALHISMO

A história do Trabalhismo Brasileiro é uma tragédia, onde a luta das elites complexadas é cheias de privilégios e rancores contra aqueles que ousaram enfrentá-las.

Levaram Getúlio Vargas ao suicídio, rasgaram a Constituição e deram um golpe de Estado depondo João Goulart, jamais deixaram de perseguir Leonel Brizola, e continuam tentando acabar com os direitos e conquistas que o Trabalhismo deixou de legado ao povo Brasileiro.

Entretanto, figuras extraordinárias deram enormes e insofismáveis contribuições para esse enredo. Figuras essas que não frequentaram as manchetes ou os holofotes, mas doaram sua existência pela luta.

Uma destas cepas é NEUSA Goulart Brizola.

Filha de Vicente Goulart e de Vicentina Marques Goulart, nasceu em São Borja, onde teve como padrinho Protásio Vargas – irmão do grande Estadista Brasileiro, Getulio Vargas.

Irmã mais nova do então futuro Presidente João Goulart, tinha em seu DNA a indignação necessária para o engajamento político. Assim, conheceu Leonel Brizola, jovem militante do PTB autêntico, se apaixonou e se casaram.

De origem de família abastada, quando terminou o ginásio, pediu ao pai que instalasse em sua fazenda, uma sala de aula para que os filhos dos trabalhadores pudessem apreender a ler, onde ela mesma se encarregou de ensinar.

Discreta, não deixou de ser protagonista na edificação construtiva do Trabalhismo. Fundou o Movimento de Mulheres do PTB quando Brizola assumiu o Governo do Rio Grande do Sul, e implementou importantes projetos para as mulheres no Estado.

Deu exemplo ao doar parte de suas terras à Reforma Agrária.

E quando iniciou-se a tentativa de golpe contra a posse de seu irmão Jango, viu seu marido levantar o Brasil pela campanha da Legalidade.

Correndo risco de ser morta pelas forças golpistas, que não aceitavam o cumprimento constitucional – que era a posse de Jango -, ficou ao lado de Brizola nos porões do Palácio Piratini, ajudando na resistência.

Em 1964, com a efetivação do Golpe, foi para o amargo e inominável exílio junto com Brizola e os filhos.

Viu seu irmão morrer no exílio. Viu o arbítrio do regime ditatorial no Brasil. Viu seu marido perseguido e marginalizado pelas elites. Viu seus filhos crescerem no exílio, mas resistiu com bravura e ternura.

Quando retornou ao Brasil, devido à lei da Anistia, contribuiu com a construção do PDT, já que o PTB foi roubado dos seus filhos legítimos.

Lutou nas eleições que levaram Brizola ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, assim como não se furtou a novamente ser protagonista de projetos sociais de grande alcance para o povo carioca.

Liderou a campanha de Brizola a presidente em 1989, onde o líder trabalhista foi consagrado pelo povo do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, mas não conseguiu chegar ao segundo turno por uma diferença mínima.

Essa foi NEUSA Goulart Brizola, uma guerreira na acepção mais fiel de luta, dedicação, lealdade, e compromisso com os anseios do povo Brasileiro.

Dentre as inúmeras rosas, símbolo do Trabalhismo, certamente Dona NEUSA é uma das mais belas da história do trabalhismo pátrio.
Henrique Matthiesen