Por se tratar da mais extrema punição a que um presidente da República venha ser submetida, sua aplicação deve ser suficientemente fundamentada, até porque, no regime presidencialista, o governante é eleito para cumprir um mandato com prazo fixo e determinado, e sua substituição antes da conclusão do prazo estabelecido, politicamente, costuma ser bastante traumática.
A quem interessa a saída de Dilma
Se Brasil vem realizando uma revolução silenciosa, que em pouco mais de uma década, saiu da condição de alto índice de pobreza para um país que, de forma pacífica, conseguiu reduzir radicalmente a miséria.
Esse país que conta com mais 204 milhões de habitantes, tornou-se referência mundial no combate à fome, retirando mais de 5 milhões de brasileiros da extrema pobreza, por promover acesso à saúde, educação e assistência social, só com o Bolsa Família.
Em 2000 o crescimento do IDH brasileiro foi de 0,683 e pulou para 0,755 em 2014, alta de mais de 10,5%. Nesse contexto, o programa de complementação de renda é uma medida eficaz de proteção social, garantindo renda mínima às famílias em situação de pobreza e fortalecendo a capacitação das pessoas ao investir na escolarização e nos cuidados com a saúde das crianças.
Que o pedido de impeachment demonstra mais um comportamento de vingança que de ineficiência administrativa ou política, isso não restar dúvida. Vamos encerrar este ano, com inflação de 10% e desemprego em torno de 9,5% da população ativa. O Governo encerra o primeiro ano do segundo mandato paralisado, refém de um Congresso liderado por políticos investigados pelo Supremo Tribunal Federal.
Apesar da constatação de algumas deficiências perceptíveis no governo Dilma, o processo de impeachment desencadeado, demonstra muito mais um comportamento baseado somente uma retaliação política, fruto de mais um ressentimento pós-eleitoral. Afinal essa foi a menor diferença de votos em um segundo turno desde a redemocratização. Dilma obteve 51,64% dos votos e Aécio, 48,36%. A diferença de votos foi de 3,4 milhões.
A questão é que, enquanto o cidadão comum reclama de estabilidade para projetar sua vida, a elite se canibaliza por meio de seus representantes reacionários, que brigam para preservar as regalias conquistadas por governos conservadores, que ao longo da história recente do Brasil, vinham se perpetuado como um eficiente balcão de negócios.
E o que dizer de uma oposição ou o que esperar da conduta de pessoas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, ressentido e inconformado com a perda nas últimas eleições, mostra suas garras e expõe a sua pequenez política.
Já o vice-presidente da República, Michel Temer, desde o início da crise institucional, tenta descolar sua imagem da de Dilma. De maneira oportunista, assim que Cunha anunciou o início do processo de impeachment na Câmara, Temer enviou uma carta, repercutir ao mesmo tempo em que iniciou conversas com a oposição e a possibilidade de novo governo.
Como as grandes manifestações são os anseios de um povo dão legitimidade a um governo que, democraticamente, venceu nas urnas. Não havendo espaço para determinadas manobras dos que não a grandeza de pensar no Brasil.
Elói Dallagnol