BOLSONARO NÃO, CIRO SIM!

Segundo a última pesquisa Datafolha, realizada nos dias 07 e 08 de abril de 2016, observamos um dado impressionante: os ricos votam em Bolsonaro e os pobres votam em Lula. Entre quem ganha até 2 salários, ou quem tem apenas o ensino fundamental, Lula tem liderança absoluta em intenção de voto, com 28 e 31 pontos, respectivamente. Entre quem ganha mais de 10 salários, quem lidera absoluto é Bolsonaro, com 20 pontos.

É compreensível que os mais pobres votem em Lula, pois foi o presidente que mais ajudou as classes menos favorecidas deste país, além de conceder diversas conquistas para o trabalhador brasileiro, como o aumento real do salário mínimo em todos os anos do seu governo, e diversos programas sociais reconhecidos no mundo inteiro. Mas é difícil compreender como a elite desse país, com o nível maior de instrução, possa ter a coragem de apoiar Jair Bolsonaro, um ser repugnante, fascista, viúva da ditadura militar, com pensamentos caretas, totalmente medievais, e que homenageou um notório torturador em seu discurso na votação do impeachment.

O principal motivo dessa alta popularidade de Bolsonaro entre os mais ricos, é que a rejeição da elite deste país ao governo do PT não é mais oriunda da razão, pelo governo ruim, mas é apenas de ódio. É verdade que o PT em suas campanhas eleitorais ajudou essa divisão, entre ricos e pobres, provocou rixas na sociedade, mas seus governos não foram voltados essencialmente aos mais pobres, não foi comunista ou socialista, como alguns direitistas teimam em dizer, mas muito longe disso, principalmente, o governo Lula que teve um grande pacto social com a classe conservadora, como explica o livro de André Singer: “Os sentidos do Lulismo”. Os bancos nunca lucraram tanto quanto ano passado, no governo Dilma.

Mesmo assim, o antipetismo foi construído e incentivado nos grandes meios de comunicações, junto com a veiculação da corrupção generalizada dos políticos tradicionais, dando ênfase aos petistas, como se fosse um partido de ladrões, o que não é verdade, pois a maioria do partido é composta por gente honesta, mas vários roubaram de fato, alguns já foram punidos e outros culpados devem ser. Mas na sociedade ficou enraizado esse sentimento de antipetismo muito forte, que não faz bem ao país, pois já provocou agressões nas ruas, discussões entre amigos, xingamentos de vários petistas em locais públicos, como, por exemplo, dentro de um hospital com o ex-ministro Mantega, quando ele foi visitar sua mulher com câncer, e o último caso, amplamente divulgado na imprensa foi com o ator José de Abreu em um restaurante em São Paulo. As manifestações que ocorreram no País contra Dilma e Lula foram marcadas pelo ódio ao PT, pela negação da política, dos partidos políticos, e a única liderança política que capitalizou em cima disso foi Jair Bolsonaro. Algo similar ocorreu na Alemanha em 1933, quando um governo de centro-esquerda comandava o país, que sofria uma crise econômica, e a população enxergou em Hitler, a solução de todos os problemas, pois era um discurso fácil de ser engolido, por conta do ódio aos judeus e às esquerdas.

A elite enxerga no discurso odiento e fascista de Bolsonaro a antítese do projeto petista, personifica nele como a oposição ideal para substituir o governo do PT. A clássica direita brasileira – PSDB e PMDB – , não responde mais aos anseios do eleitorado conservador, pois ambos partidos representam modelos fracassados e ultrapassados, e o discurso do nacionalismo fascista de Bolsonaro entra como música no ouvido desse eleitorado de direita. A falta de um projeto nacional do PT para o Brasil, os diversos erros nos governos petistas, principalmente no mandato da Presidente Dilma, com uma política econômica desastrosa, alianças espúrias desde o governo Lula, com os políticos mais arcaicos brasileiros oriundos do PMDB, várias personalidades do partido tendo se lambuzado na corrupção, tudo isso, fez o projeto do PT estar em seu ciclo final e o Brasil precisa de uma alternância no poder em 2018, mas o caminho não é Bolsonaro, e longe disso.

O ódio nunca é um bom conselheiro na hora de votar, e a história mostra o que esse tipo de voto pode trazer à sociedade. A figura de Adolf Hitler não deve ser esquecida, pois era uma figura caricata na Alemanha como Bolsonaro, mas com seu discurso fascista e de ódio foi angariando apoios, e com ele, chegou à presidência da Alemanha, e foi responsável pelas páginas mais sombrias da história daquele país e do mundo; não podemos deixar a história se repetir no Brasil. Devemos buscar uma opção presidencial em 2018, que não leve o país para os antigos donos do poder que delapidaram o patrimônio público, com o projeto de estado mínimo, algo condenável em um país tão desigual como o Brasil.

O país precisa de um político competente, honesto, com experiência comprovada, como Ciro Gomes. Ciro foi ex-prefeito de Fortaleza, sendo o mais bem avaliado nas capitais brasileiras. Governador do Ceará com a maior aprovação do país, ministro da Fazenda do governo Itamar Franco quando ajudou a implantar o Plano Real e Ministro de Lula no primeiro mandato, – só aceitou ser ministro de Lula porque não tinha aliança com o PMDB ainda – , nunca teve um escândalo de corrupção na sua carreira política e todas suas passagens pelo Executivo foram de muito sucesso.

Ciro é o nome ideal para trilhar o caminho do desenvolvimento econômico, com um projeto de nação bem definido, trabalhista, mantendo e aprimorando as conquistas sociais dos governos petistas e harmonizando um país dividido, e nunca um candidato que busque separar ainda mais a sociedade, destruir as minorias e criar barreiras para a construção de um futuro próspero, de paz e democrático para o país.
Rodrigo Cardoso