As digitais do Trabalhismo no Brasil são indeléveis e muito perceptíveis ao povo que até hoje usufrui deste legado de lutas e conquistas.
Com o fim da política do Café com Leite e a vitória de Getúlio Vargas na Revolução de 1930, o Brasil começou a se libertar de sua sina de colonialismo e provincianismo que norteavam a politica pátria.
Mais do que proporcionar direitos ao trabalhador e às mulheres, Getúlio Vargas tinha um projeto muito bem delineado para o desenvolvimento do Brasil, sob o ideal de Soberania Nacional e independência do nosso povo.
Para isso, era necessário rompermos com certos complexos e visões subservientes da lógica do atraso, e do complexo de vira latas que nossas elites até hoje nutrem.
Uma das ações que Getúlio Vargas compreendia era a questão energética do Brasil – condição fundamental para qualquer projeto de desenvolvimento -, razão pela qual em 1954 propôs a criação da Eletrobrás, como parte do plano de eletrificação do Brasil.
A Eletrobrás receberia a função de realizar pesquisas e projetos de usinas geradoras, assim como linhas de transmissão e subestação suprindo a crescente demanda de energia elétrica.
A visão do Estado indutor de desenvolvimento baseado nas primícias capitais para crescimento, ou seja, a energia se contrapôs fortemente com a visão míope e covarde de uma elite de privilégios, que nunca se conformaram que bens essenciais de subsistência fossem compartilhados por todo povo.
A oposição à criação da Eletrobrás foi enorme, mas Getúlio Vargas enfrentou durante todo seu mandato essas elites.
Entretanto, as forças do entreguíssimo, o ódio das elites que a todo o momento tentavam obstaculizar as ações afirmativas de nosso desenvolvimento, levou a aprovação da Eletrobrás apenas no governo Jango.
Vale ressaltar que antes da criação da Eletrobrás, a distribuição da energia elétrica era imensamente desigual. Somente duas companhias estrangeiras – a canadense “Brazilian Traction Light and Power Company (Light)” e a norte-americana “American & Foreign Power Company (Amforp)” monopolizavam os serviços dos principais centros urbanos do Brasil.
Mas com a derrubada de Jango com o Golpe Militar e Civil de nossa direita, a Eletrobrás foi utilizada para a expansão e consolidação da Rede Globo, apêndice do golpe, e suas linhas de transmissão serviram à família Marinho para esse desvio de função.
Em junho de 1992, em meio à crise que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor , o governo anunciou a intenção de desencadear o processo de privatização do setor, ao incluir a Escelsa e a Light no Programa Nacional de Desestatização (PND). As mudanças, entretanto, não passaram daí. O próprio leilão de venda da Escelsa só seria realizado três anos depois, já no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).
Atualmente, a Eletrobrás atua como “holding” e controla grande parte dos sistemas de geração e transmissão de energia elétrica do Brasil por intermédio de 6 subsidiárias, e além disso em nome do governo brasileiro detém metade do capital de Itaipu Binacional.
A capacidade geradora da Eletrobrás, incluindo metade da potência de Itaipu pertencente ao Brasil, é de 42.987 MW, correspondente a 34% do total nacional.
A empresa também possui 50% das linhas de transmissão do país.
Essa é a síntese da Eletrobrás, uma empresa que foi idealizada como fomentadora de nosso desenvolvimento, numa visão de nação soberana que Getúlio Vargas sonhou.
Seu legado se cumpriu. Pois, milhões de brasileiros se beneficiam até hoje deste projeto do Trabalhismo e da luta do nosso povo.
Henrique Matthiesen