EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Neste momento de extrema gravidade política e social, onde está em jogo, não apenas o futuro de nosso país, como também o futuro de nossa democracia, ainda tão recente e sujeita a ser derrotada por forças reacionárias, eu, que junto a meu pai, João Goulart, e a minha família, fomos vítimas da perversidade da ditadura militar, instaurada no Brasil em 1964, não poderia deixar de manifestar meu repúdio à tentativa de depor a Presidente Dilma Rousseff, eleita constitucionalmente.

Hoje, em tempos tão confusos que muito nos remetem a 1964, é fundamental perguntar se há algo mais importante do que vivermos em uma Democracia.

Abrir um gravíssimo precedente de desrespeito à Constituição e ao voto popular geraria uma imensa instabilidade a curto, médio e longo prazo. Um eventual governo que surgisse posterior à farsa do impeachment, com certeza, enfrentaria a ferrenha oposição dos movimentos sociais, sindicatos e outros.

Com greves de várias naturezas, o governo que se instalasse seria levado a recorrer à força, desencadeando um ciclo de repressão com conseqüências imprevisíveis.

Não é disto que o Brasil precisa, de um país dividido ao meio, e governado por políticos sem voto e acusados de crimes gravíssimos.

É fundamental, portanto, que lutemos por preservar as instituições democráticas e o Estado de Direito para que, assim, a despeito de todas as dificuldades, possa ser alcançada a estabilidade, a paz e a retomada do desenvolvimento.
Denize Goulart