Comemoramos neste 08 de março, o Dia Internacional da Mulher – uma data de muitas conquistas, lutas e desafios pela igualdade e respeito aos direitos destas guerreiras que engrandecem a sociedade – e não poderíamos deixar de prestar nossa homenagem à duas grandes mulheres, que desde mesmo antes da criação do próprio PDT, estiveram com Jango e Brizola – ainda no PTB – na trincheira de luta pelas bandeiras do Trabalhismo, pela Educação e pela valorização da nossa mulher Brasileira.
Neusa Goulart Brizola – a Dona Neusa – nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul em 1921, e sempre esteve ao lado do irmão Jango, na sua trajetória política, acompanhando-o com o maior entusiasmo. Assim que concluiu o ginásio, solicitou ao seu pai que instalasse, em sua fazenda, uma sala de aula para ensinar os filhos dos trabalhadores que ali moravam, e desde então não parou mais de dedicar-se à educação.
Foi na primeira sede do partido – PTB – que conheceu o líder estudantil, e então Deputado Estadual Leonel Brizola, com quem se casara em 1950, e dá início a um trabalho de politização e ensinamento para as mulheres, moradoras daquelas vilas, a lutar pelos seus direitos e a trabalharem juntas na formação de seus filhos.
Com Brizola eleito governador, em 1958, assume a Presidência da Legião Brasileira de Assistência – LBA, e realiza um trabalho pioneiro que foi a instalação dos “Clubes das Mães”, – onde as mulheres podiam diversificar seu aprendizado – com aulas de tricô, crochê, noções básicas de pediatria e se reuniam para definir suas ações políticas. Cria também o programa “Bolsa de Estudos” – para filhos ou órfãos de famílias de baixa renda -, que eram encaminhados aos internatos do interior, todos com enxoval completo e material escolar, e às mães era garantida a passagem para visitarem os filhos trimestralmente, atendendo cerca de 5.000 crianças durante seu funcionamento.
Instalou ainda o Lar Santa Maria, destinado à recuperação de menores com problemas de conduta, e o Instituto Central de Menores para meninas infratoras.
Numa época em que a participação feminina na política era tímida, Dona Neusa, junto com outras companheiras, transformam o setor feminino do PTB em Movimento Feminino Trabalhista, visando o direito das mulheres serem ouvidas nas decisões partidárias.
Dona Neusa sempre esteve ao lado do marido, Leonel Brizola, inclusive nos períodos mais tensos da política Brasileira como a campanha da Legalidade, que irrompeu posteriormente no Golpe de 1964, e que obrigou toda a família a mudar-se primeiro para o Uruguai, depois para os Estados Unidos, e posteriormente para Portugal, quando retornam ao Brasil, em 1979, pela Lei da Anistia.
Em 1982 e 1990, quando Brizola vence as eleições para Governador do estado do Rio de Janeiro, Dona Neusa retoma os trabalhos sociais desenvolvidos anteriormente, sempre priorizando os mais humildes e necessitados e priorizando a educação.
Outra mulher, que neste dia, temos que ressaltar sua importância na luta por um país mais justo e soberano é a Doutora Edialeda Salgado do Nascimento, médica ginecologista, 4040 ativista do movimento negro no Brasil.
Sua trajetória política inicia-se na década de 60, quando compõe o gabinete civil do então Presidente João Goulart nos anos de 1961 a 1964, mas foi na década de 80, – período de transformações nos rumos políticos do Brasil, com o fim da ditadura e das lutas em prol da democracia – juntamente com Leonel Brizola, na fundação do PDT, que sua notoriedade é reconhecida em todo país ao ser nomeada em 1983, com Brizola governador, como a primeira mulher negra, Secretária de Estado.
A Doutora Edialeda foi figura determinante no movimento de conquistas das mulheres negras em diferentes espaços políticos e institucionais. Foi organizadora e conferencista do I Congresso de Mulheres Negras das Américas, realizado em 1984, no Equador. Participou como conferencista de dezenas de congressos realizados na América Latina, Estados Unidos e Europa sobre a questão do negro e da mulher.
São mulheres como estas, que levam o Trabalhismo no sangue e representam a força da mulher brasileira, que devemos lembrar e ter como referência suas trajetórias, e inspiração na sua força e dedicação.
Feliz 08 de Março!
Karina Crivellani