OS TRAIDORES DE JANGO SE ASSEMELHAM 52 ANOS DEPOIS

Não gosto muito de falar em ratos abandonando o porão, como no caso hoje, de parlamentares essencialmente comprometidos com a ruptura institucional, em sua grande maioria manchados pela sua inclusão na lista da Odebrecht e que insistem em “moralizar” o país, antes de moralizarem suas biografias.

Vem-me sempre à luz o semblante de meu pai nas longas conversas do exílio. Lembro-me, perfeitamente dos momentos de solidão a beira da lareira da fazenda “El Milagro”, em Maldonado, Uruguay, onde durante horas e horas ele fazia exercício de memória dos traidores da democracia, que haviam abandonado não a ele, mas abandonado um projeto de Nação, o das “Reformas de Base” em 1964 e mergulhado o país em 21 anos de ditadura.

Na época, ele, meu pai, o deposto presidente João Goulart, tildado no Brasil como comunista, corrupto, incompetente, incendiário e pró república sindicalista, vivia amargamente seu exílio, mas com absoluta certeza que a história o anistiaria. Não seriam os homens, nem seus carrascos, nem seus detratores e nem sequer a prepotência dos ditadores do povo brasileiro que lhe colocariam na história.

Seria o tempo. A história é implacável com seus traidores.

Quando lembrava de sua chegada ao Uruguay no dia 4 de abril, sempre fazia questão de afirmar, que tinha permanecido em território brasileiro, mesmo escondido em seus campos do Rio Grande do Sul, para não ser preso, esperando que o Congresso Nacional, depois da vergonhosa cessão da vacância presidencial que legitimou o Golpe de Estado, empossara Mazzilli, e, desta forma ele Jango, conseguiria configurar aquele ato do Congresso, como Golpe proferido a Constituição brasileira.

Tinha sido traído por um Congresso, eleito em 1962, sob financiamento do IBADE (leia-se dinheiro de verba secreta da CIA) onde uma CPI, que foi, inclusive presidida por Ulisses Guimarães e o grande Rubens Paiva, que até hoje a Nação não sabe onde estão seus restos mortais, fora instalada em 1963, e a mesma, detectado 172 parlamentares financiados com aqueles fundos.

Parece até cabalístico, mas 172 é o número hoje para salvar a democracia brasileira.

As semelhanças não param por aí.

A FIESP, colaborou com o golpe de 1964, colabora hoje com esta vergonha de “impeachment” travestido de golpe. Segue derramando dinheiro entre os vendedores da Pátria.

A mídia, capitaneada pela Globo, que até pouco tempo atrás pediu desculpas pelo apoio ao golpe de 1964, hoje continua descaradamente a manipular a opinião pública no mesmo sentido, como fez contra o governo Goulart.

Jango hoje, apesar de seus detratores, já ocupa um lugar na história do Brasil, tornou-se o único presidente constitucional de nosso país a morrer no exílio lutando pela liberdade e pela democracia.

Quem se lembra dos traidores do Congresso  de outrora?

A não ser do único nome que declarara vaga a presidência com o chefe da Nação dentro do território nacional?

O traidor Áureo Moura de Andrade.

Haverá sim na história, um lugar seguro para os traidores de hoje, todos eles, capitaneados pelo novo e corrupto-mor da nação brasileira, Eduardo Cunha e seus asseclas liderados por ele.

O Brasil não merece tal desígnio. Haveremos de resistir.

Em nome da Liberdade, em nome da legalidade, em nome da Democracia: vamos resistir.

Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!

 
Por:
João Vicente Goulart
Filho do ex-presidente Jango e Diretor IPG- Instituto João Goulart

João Vicente Goulart