UMA ROSA CHAMADA FRANCISCO JULIÃO

“As armas são para dizer que lutamos, e as rosas para dizer que vencemos.

Quanto mais esmagada a rosa, mais ela exala seu perfume.

Quanto maior for a tua luta, maior será sua conquista”.

O Trabalhismo Brasileiro idealizado por Alberto Pasqualini, Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e tantos outros, tem em sua simbologia a rosa que presta uma homenagem a Rosa de Luxemburgo.

Filósofa, economista marxista, revolucionária mundialmente reconhecida por sua liderança e militância inspirou mentes e corações na busca do que era justo do equânime do socialismo.

Dentre o vasto jardim que se tornou essa corrente de pensamento político que proclama o Trabalhismo como caminho ao sonho socialista temos uma das mais belas rosas de nosso deslumbrante jardim, Francisco Julião.

Originário de Engenho Boa Esperança no grotão pernambucano, advogado, formado em 1939, em Recife. Foi líder e advogado das Ligas Camponesas.

Segundo Julião, “Não fundei a Liga. Ela foi fundada por um grupo de camponeses que levaram à mim para que desse ajuda. A primeira Liga foi da Galileia, fundada em 1º de Janeiro de 1955 e que se chamava Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco. Coincidiu que eu acabara de ser eleito Deputado Estadual pelo Partido Socialista e na tribuna política me tornei defensor dos camponeses.”

Desta representatividade fez-se uma bandeira de luta à tão procrastinada Reforma Agrária, que foi o ensejo inegociável de suas batalhas.

Considerado agitador incendiário pelos latifundiários e elites, no contraponto, era estimado como um “santo” pelos trabalhadores sem-terra da época.

Aguerrido, tinha na poesia e na literatura a delicadeza das rosas e o aroma do sonhos. Face pouco conhecida, Francisco Julião utilizava esse talento em panfletos e em cordéis, e sua sensibilidade encantava, e o forjava como uma liderança não mais pernambucana, mas, uma voz nacional com repercussão internacional da luta dos camponeses.

Entretanto, os espinhos foram implacáveis na existência de Julião preso em decorrência do Golpe de Estado que destituiu o Presidente Legítimo João Goulart e levou o líder dos camponeses para a cadeia. Perambulou por inúmeros presídios, entre Brasília, Rio de Janeiro, e Pernambuco. Sofreu as agruras da tortura e da bestialidade do autoritarismo.

Solto com a intervenção do grande jurista Dr. Sobral Pinto, foi para o amargo exílio no México, como o principal líder dos despossuídos de terra do Brasil.

Personalidade mundial, Francisco Julião percorreu o mundo, fazendo conferências sobre as injustiças da não reforma agrária no Brasil e sobre o arbítrio de Estado em que vivenciávamos.

Signatário da Carta de Lisboa, onde se aproxima de Leonel Brizola, retorna à pátria com a Lei da Anistia em 1979, voltando ao estado de Pernambuco, onde ajuda a construir o PDT. Derrotado eleitoralmente em 1986 retorna ao México como exilado voluntário.

Seu derradeiro projeto não finalizado é escrever sua história “As utopias de um homem desarmado”.

Este foi uma das cepas mais ilustres que abrilhantou o Trabalhismo brasileiro. Uma referência de lutas, sonhos e poesias.

Uma rosa vibrante do jardim de lutas de nosso povo.

Henrique Matthiesen